Vou quebrar a sequência de post de viagens porque alguns amigos me perguntaram por que eu não escrevo sobre séries de TV, já que sempre tenho uma sugestão.
Não tenho paciência para seguir novelas, mas não me incomodo de seguir por três meses por ano, alguma série de TV dos Estados Unidos ou da Europa.
Ultimamente, todos falam de “La Casa de Papel” (La Casa de Papel, 2017-2018), que é uma série espanhola. Talvez por isso, andam me perguntando se eu conheço alguma série europeia para recomendar.
Conheço várias.
Séries europeias no Brasil são quase impossíveis de assistir se você não possui Netflix, MAIS Globosat e agora, Amazon Prime Video. Por isso, decidi dar um overview em algumas séries para quem quer conhecer um pouco do que é produzido no velho continente.
Não se incomodem com a “longevidade” da série: ao contário das séries americanas, as produções europeias tendem a ter um intervalo mais longo entre temporadas, não significa que cada uma tenha quatro mil anos de existência!
DA TERRA DOS VIKINGS…
Os nórdicos são experts em livros policiais e as séries não devem nada aos mesmos. Baseadas em livros ou não, algumas que até ganharam a versão americana.
“The Killing” (Forbrydelsen, 2007-2012) conta a história de Sara Lund, uma investigadora da polícia dinamarquesa que prestes a se casar e mudar para a Suécia, tem em suas mãos o caso de uma adolescente morta e a trama envolve um pouco de tudo: preconceito, política, ciúmes.
Apesar da original ser ótima, confesso que a versão americana de “The Killing” (The Killing, 2011-2014) foi melhor em vários aspectos. Principalmente pelo Joel Kinnaman 😍😂. Mas a Mireille Enos está maravilhosa no papel de Sarah Linden e a química entre os dois atores me lembrou um pouco de The X-Files.
Acontece que os gringos deram uma caprichada na trama para não repetirem o original e ficou bem mais bacana.
As duas estão na Netflix.
“A Ponte” (Bron/Broen, 2011-2016) já é outra história. É uma produção sueco-dinamarquesa – ou dino-sueca? 😊
Um corpo é encontrado na ponte Örensund – que liga Copenhagen na Dinamarca, a Malmö na Suécia. Melhor dizendo, um meio corpo é encontrado em cada lado da fronteira, e assim, as polícias dos dois países devem trabalhar juntas para resolver o caso. Aliás, foi por causa dessa série que eu quis conhecer Malmö!
A atriz que faz a investigadora autista Saga Noren, Sofia Helin, é ímpar.
Você só encontra essa versão no MAIS Globosat.
A série é tão boa, mas tão boa, que ganhou várias versões.
Nos EUA, fizeram “The Bridge” (The Bridge, 2013-2014), com o corpo dividido entre EUA e México.
Nesse caso, eu preferi a original. Amo a Diane Kruger, mas a Sonya Cross é uma versão muito sutil daquele bicho-do-mato da Saga Noren. Os roteiristas deixaram a série mais fiel a original, ao contrário de “The Killing”. Talvez por isso, eu não tenha me empolgado tanto. Essa versão tem na Netflix.
Além dessas, ainda há “The Tunnel”, a versão que se passa na fronteira entre Reino Unido e França no Eurotunnel e “MoCT”, que se passa na fronteira entre Rússia e Estônia. Mas não consegui ver nenhuma das duas ainda.
“Borderliner” (Grenseland, 2017-)é sobre um policial norueguês que tem que resolver um crime em sua cidade natal enquanto está de licença, após denunciar um colega. A trama é tradicional, mas o fato do policial gay ser tratado sem estereótipos ficou bem bacana.
“Nobel” (Nobel, 2016-) é sobre um soldado norueguês que volta da guerra e tem que lidar com uma conspiração.
Quer saber como é passar as 24 horas do dia no escuro? Assista “Trapped” (Ófærð, 2015-), da Netflix. A história se passa numa cidadezinha islandesa – sim, na Islândia – onde anos depois de um incêndio criminoso, um novo crime acontece e a história dá reviravoltas.
O protagonista é um policial provinciano, daqueles marrentos, interpretado por um americano de origem islandesa, Ólafur Darri Ólafsson, e o ambiente torna a história mais sufocante ainda. Juntos, dão um ar meio Fargo à história.
Por último a produção inglesa que se passa na Suécia, baseada nos livros de um dos meus escritores favoritos, Henning Mankell: “Wallander” (Wallander, 2008-2016). É sobre um investigador de uma cidade do sul da Suécia. O papel de Wallander é feito pelo britânico Kenneth Branagh, mas isso não compromete a série; aliás, ele consegue ser bem parecido com o personagem dos livros, na minha opinião.
Há uma versão sueca, mas nunca consegui ver.
Para escrever o post, eu resolvi assistir mais algumas e descobri “Fallet” (Fallet, 2017-), que é um meio termo entre policial e comédia. A história é protagonizada por um policial inglês e uma policial sueca, os dois “destacados” para resolver um caso numa cidadezinha sueca por que como agentes da lei, eles dão vergonha à seguranças de museu 😂.
A série usa e abusa do humor autodepreciativo que tanto os britânicos quanto os nórdicos têm, mas acho que ainda não acertaram o tom.
Atenção para a perita forense finlandesa, sempre com uma “frase motivacional” pronta. Divertidíssima.
Além dessa, há pelo menos duas comédias que merecem uma visita.
Eu recomendo “Norsemen” (Vikingane, 2016-), uma comédia que traz 90% do elenco norueguês de outra produção da Netflix, “Lilyhammer” (Lilyhammer, 2012-2014). Digamos que Monty Phyton encontra “Vikings” (Vikings, 2013-) e o resto vocês já podem imaginar.
“Rita” (Rita, 2012-) é uma comédia dramática, sobre uma professora dinamarquesa que faz tudo por seus alunos; uma mulher na faixa dos quarenta anos bem resolvida no lado profissional da vida, mas uma bagunça no lado pessoal.
Pais podem ter inveja de como funciona o sistema de educação dinamarquês.
… E DAS TERRAS DO LESTE.
Já que são mais raras de se encontrar do que outras produções, vale destacar duas séries oriundas do Leste Europeu.
“O Jornal” (Novine, 2016-) é uma produção croata, disponível na Netflix. Trata de conspiração e corrupção do governo, mas confesso que é até ingênua se comparada ao que acontece no Brasil.
Gostei da série mais pela curiosidade, para ver os costumes culturais, até porque traz atores croatas e sérvios, que bem sabemos, passaram por uma guerra há menos de 30 anos.
A série tem uma matriarca até legal – não é uma Odete Roitman de “Vale Tudo” ou uma Gemma Teller-Morrow de “Sons of Anarchy” – e duas outras personagens femininas fortes, ainda que precisem de “mais molho”. Por outro lado, achei meio bizarras as cenas de “sedução”, ou vai saber, lá as coisas são assim mesmo.
As vezes as tomadas de câmera parecem de novela…
“Undercover” (Pod Prikritie, 2005-) é a história de um policial infiltrado na máfia búlgara, por sua vez comandada por um ex-policial. Esse infiltrado responde a um oficial que é um ex-melhor amigo do mafioso.
Talvez ela tenha mais estereótipos, mas há uma virada tão cruel na terceira temporada que vale a pena. Não sei onde assistir agora – quando assisti, passava no AXN. Há alguns meses, estava disponível no Crackle, mas não sei se ainda está. Foi uma das primeiras séries não-gringas que eu assisti e virei fã.
UPDATE: a série está disponível até a quinta temporada no Amazon Prime Video!
E então? Prontos para uma mudança de ares?